5/5 ★ – Yukko's review of Papers, Please.
História: Papers, Please se passa em 1982 em um período pós-guerra entre Kolechia e Arstotzka. Você é um inspetor que trabalha na fronteira de Grestin, localizada entre esses dois países. Seu objetivo é bem simples, aceitar ou recusar a entrada de pessoas na fronteira. Por suas mãos passam documentos falsos, contrabandistas, traficantes, procurados, e até pessoas honestas mas desesperadas por não estarem com todos os documentos em dia. Cabe a você decidir quem entra e quem fica. Tudo isso enquanto tenta manter sua própria família viva com um salário miserável.
Análise: A falta de muitas músicas é até interessante, o ponto não é criar um audiovisual magnífico, e sim fazer com que você preste atenção nos detalhes, documentos, cenário, e principalmente nas informações que chegam até você. Como por exemplo, pessoas querendo matar umas às outras por conflitos pessoais.
Papers, Please trabalha diretamente com a moralidade do jogador. Deixar um inocente passar mesmo sem os documentos corretos e tomar uma multa? Ou não deixá-lo passar e lidar com a decepção do mesmo? Por mais simples que pareça, o jogo faz você desenvolver muita empatia por quem está ali. Principalmente por cara chamado Jorji Costava, um senhor muito simples e engraçado que quer atravessar a fronteira a todo custo. Mas todas as papeladas dele estão erradas, e quando estão certas, algumas infos não batem, principalmente o peso, isso porque ele está contrabandeando algo. De duas uma, ou você nunca deixa ele passar, ou deixa e futuramente ele te ajuda com documentos falsos. Isso porque o posto será fechado temporariamente, e você tem a opção de fugir de Grestin sozinho ou com sua família, para sua cidade natal chamada Nirsk, ou permanecer no posto e ver qual será seu destino. Ou você é preso (como a maioria dos finais desse jogo) ou um dos agentes do governo vem fazer um interrogatório e fala que você está prestando para o governo.
E o mais fascinante é ver que o jogo se passa em 31 dias, porém lá na frente você descobre que o governo vem te observando há mais de 20 anos.
Avaliação: A rivalidade entre os países é eminente, kolechianos tentando explodir o posto, arstotzkanos tendo seus documentos retidos, tudo isso enquanto você está no meio de um fogo cruzado entre o governo de Arstotzka e a organização rebelde Ezic. E o mais interessante de Papers, Please é justamente isso, estar no meio desse caos sem saber em quem confiar.
Eu, particularmente, fiz duas runs: uma seguindo o Ezic, e outra o governo... A do Ezic é extremamente arriscada, tensa e cheia de decisões moralmente duvidosas. O objetivo deles é acabar com o governo corrupto de Arstotzka, que abusa de seu poder e reprime o povo. Mas eles não são santos, frequentemente te pedem para assassinar pessoas ou ajudar agentes clandestinos, e isso sempre custa sua liberdade. Alguns dos agentes do Ezic passam por você ao longo do jogo, como Stepheni Graire e Mikhail Saratov, ambos com a missão de desestabilizar o regime... Já na run do governo, onde você segue à risca as ordens do M.D.A. (Ministério da Admissão), a pressão é constante. O medo de errar uma vírgula e ser preso é real. E a corrupção que o Ezic tanto denuncia está presente, você pode aceitar prender pessoas que tecnicamente não cometeram nenhum crime só para receber alguns trocados. Algumas dessas detenções são justificáveis, outras completamente imorais. Mas nesse final, o seu trabalho é "recompensado", o posto será reaberto e você receberá a ordem de retornar no dia 1º. Além disso, uma trégua entre Kolechia e Arstotzka (Grestin) é anunciada, o que dá a sensação de encerramento diplomático.
São duas rotas opostas que se complementam, vale muito a penas jogar mais de uma vez, mesmo que repetir os dias se torne cansativo, a experiência é sempre nova. Ah! e algo muito legal é como a história, ela é contada tanto boca a boca, quanto pelos jornais, que além de cumprirem sua principal função, também avançam o enredo.
Curiosidades: Lançado em 8 de agosto de 2013.
Desenvolvido pela 3909 LLC e projetado por Lucas Pope.
Disponível para Pc, Android, iOS e Playstation vita.
Gênero indie, simulação, quebra-cabeça e aventura.
Possui prêmios BAFTA de melhor como de simulação e estratégia, e um Peabody award como melhor storytelling.
E antes que eu me esqueça, Papers, Please possui um curta-metragem disponível no YouTube, dirigido por Nikita Ordynskiy e lançado em 24 de fevereiro de 2018.
Notas finais: 4,9/5 um pouco cansativo, porém muito envolvente.
:)